O que são cólicas em cavalos?
A cólica equina, uma afecção que incide sobre o sistema digestivo e outros órgãos, é caracterizada por intensas dores abdominais, e representa um dos principais desafios na prática clínica equina. Manifestando-se através de uma série de comportamentos característicos, como inquietação, raspagem do solo, sapateio, coices, rolar no chão, deitar de costas e sentar-se de forma semelhante aos cães, os equinos afligidos frequentemente exibem uma gama variada de sintomas. Notavelmente, cavalos castrados podem manifestar exposição do pênis na ausência de micção.
As alterações no manejo diário, infestações parasitárias e o estresse constituem fatores desencadeantes potenciais para esta condição debilitante. O equino, por sua natureza, é particularmente sensível a mudanças na sua rotina ambiental ou alimentar. Condições como privação de água, estresse devido ao transporte e dieta inadequada são todos cenários que podem precipitar a ocorrência da Síndrome Cólica. Em face disso, a gestão eficaz da dor é de suma importância. Além de garantir o bem-estar do animal, a mitigação da dor também é crucial para garantir a segurança tanto do proprietário quanto do médico veterinário durante o exame físico. Dessa forma, o médico veterinário emerge como a figura mais capacitada para conduzir esses casos de forma adequada, determinando a abordagem terapêutica mais apropriada com base em uma avaliação clínica abrangente e, quando necessário, procedimentos complementares, podendo optar entre intervenções médicas ou cirúrgicas.
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Definição e causas comuns
A cólica em cavalos é uma condição clínica que envolve dor abdominal e pode variar em gravidade, desde desconforto leve até uma emergência médica potencialmente fatal. As causas dessa afecção são diversas e podem ser classificadas em várias categorias.
- Causas Gastrointestinais:
- Impactação intestinal: Acúmulo de material alimentar mal digerido ou corpos estranhos no intestino.
- Torsão intestinal: Rotação anormal do intestino, obstruindo o fluxo sanguíneo e causando necrose.
- Enterite ou colite: Inflamação do intestino grosso ou delgado, muitas vezes devido a infecções bacterianas ou virais.
- Enterólitos: Formação de cálculos no intestino, causando obstrução.
- Causas Extraintestinais:
- Cólica por cólon espasmódico: Espasmos musculares no cólon que podem ser desencadeados por estresse ou dieta inadequada.
- Cólica uterina: Presente em éguas, pode ocorrer devido a complicações durante o ciclo estral, gestação ou parto.
- Cólica renal: Cálculos ou inflamação nos rins podem levar a dor abdominal.
- Fatores de Risco:
- Alimentação: Mudanças bruscas na dieta ou ingestão de alimentos estragados podem desencadear cólicas.
- Manejo: Exercício excessivo, transporte prolongado, mudanças repentinas no ambiente ou falta de acesso à água podem aumentar o risco.
- Parasitas: Infestações por vermes podem contribuir para o desenvolvimento de cólicas.
- Idade e Raça: Certas raças, como os Miniatura, podem ser mais predispostas a certos tipos de cólicas. A idade também pode ser um fator, com os cavalos mais velhos sendo mais suscetíveis a algumas formas de cólica.
Importância da detecção precoce
A detecção precoce de cólicas em cavalos é de suma importância tanto para a saúde e bem-estar do animal quanto para a eficácia do tratamento. Devido à complexidade e variedade das causas subjacentes das cólicas equinas, a identificação precoce dos sinais clínicos pode desempenhar um papel crucial na prevenção de complicações graves e até mesmo na salvação da vida do animal.
Em primeiro lugar, é fundamental reconhecer que os cavalos são presas de alto desempenho e têm uma propensão natural a mascarar sinais de dor. Isso pode dificultar a identificação imediata de uma cólica em seus estágios iniciais. No entanto, uma vez que os sinais clínicos começam a se manifestar, a rápida intervenção veterinária é crucial para evitar a progressão da condição e minimizar o sofrimento do animal.
Além disso, muitos dos distúrbios gastrointestinais que podem levar à cólica em cavalos têm o potencial de se agravar rapidamente, resultando em complicações sérias, como obstrução intestinal, ruptura de órgãos ou choque circulatório. Detectar e tratar a cólica precocemente pode ajudar a prevenir essas complicações graves, que podem ter consequências devastadoras para o cavalo e seu proprietário.
Outro aspecto importante da detecção precoce é a capacidade de implementar medidas terapêuticas mais eficazes. Muitas vezes, o tratamento inicial de uma cólica equina é mais simples e menos invasivo quando a condição é diagnosticada precocemente. Isso pode incluir medidas como administração de analgésicos, fluidoterapia e manejo alimentar. No entanto, à medida que a cólica progride, podem ser necessárias intervenções mais agressivas, como cirurgia abdominal. A detecção precoce permite que os veterinários ajam de forma proativa, aumentando as chances de sucesso do tratamento e reduzindo a necessidade de procedimentos invasivos.
Em suma, a detecção precoce de cólicas em cavalos é fundamental para garantir o bem-estar do animal, prevenir complicações graves e otimizar os resultados do tratamento. Os profissionais veterinários e os proprietários de cavalos devem estar atentos aos sinais clínicos sutis e agir rapidamente ao primeiro sinal de desconforto abdominal em um cavalo, buscando assistência veterinária imediata para garantir o melhor resultado possível.
Sintomas de cólica em cavalos
Em geral, é inerente à natureza do cavalo a suscetibilidade a sofrer com mudanças na sua rotina ambiental ou alimentar. Condições como a escassez de água, o estresse proveniente do transporte e a ingestão de alimentos de baixa qualidade são fatores que podem precipitar a ocorrência da cólica equina.
Sinais físicos e comportamentais
Os sinais físicos e comportamentais dos sintomas de cólica em cavalos são indicadores cruciais para identificar e diagnosticar essa condição potencialmente grave. Uma vez que os cavalos têm uma tendência a esconder sinais de dor, é essencial estar atento a qualquer alteração em seu comportamento e aparência física. Alguns dos sinais mais comuns de cólica em cavalos incluem:
- Inquietação e agitação: Os cavalos podem mostrar sinais de desconforto, como caminhar sem rumo, levantar e deitar repetidamente ou mudar frequentemente de posição.
- Rolar excessivamente: Um dos comportamentos mais distintos associados à cólica equina é o hábito de rolar excessivamente no chão, muitas vezes acompanhado de movimentos bruscos.
- Pouca ou nenhuma ingestão de alimentos: Cavalos com cólica frequentemente perdem o interesse na alimentação e podem recusar-se a comer ou beber.
- Mudanças na frequência e consistência das fezes: Diarreia, constipação ou a presença de fezes anormalmente moles podem ser indicadores de distúrbios gastrointestinais associados à cólica.
- Frequência cardíaca e respiratória anormal: Aumento da frequência cardíaca e respiratória são sinais comuns de desconforto e dor em cavalos com cólica.
- Suor excessivo: Cavalos em cólica podem suar excessivamente, especialmente ao redor do pescoço, barriga e flancos.
- Batimento de patas: Os cavalos podem demonstrar desconforto batendo repetidamente com as patas no chão, especialmente em direção ao abdômen.
- Esticamento ou olhar para o flanco: O esticamento do pescoço em direção ao flanco ou olhar repetidamente para o flanco também são comportamentos comuns em cavalos com cólica.
É importante observar que esses sinais podem variar em intensidade e podem não estar presentes em todos os casos de cólica.
Como reconhecer diferentes tipos de cólicas
Reconhecer diferentes tipos de cólica em cavalos requer uma compreensão abrangente dos sintomas associados a cada tipo específico. Embora muitos dos sinais clínicos possam se sobrepor, entender as características distintivas de cada tipo de cólica pode auxiliar os veterinários na tomada de decisões diagnósticas e terapêuticas mais precisas. Abaixo estão alguns dos tipos de cólica equina mais comuns e suas características distintivas:
- Cólica Gasosa:
- Caracterizada por distensão abdominal causada pela acumulação excessiva de gases no trato gastrointestinal.
- Os cavalos podem apresentar sinais de inquietação, agitação, distensão abdominal visível e flatulência excessiva.
- Pode estar associada a uma dieta rica em alimentos fermentáveis ou a distúrbios digestivos que prejudicam a movimentação adequada dos gases.
- Cólica Impacção:
- Resulta da obstrução do intestino por material sólido mal digerido ou corpos estranhos.
- Os sinais clínicos incluem dor abdominal, redução ou ausência de movimentos intestinais, diminuição da produção de fezes e cólicas intermitentes.
- É comum em cavalos que consomem dietas pobres em fibras ou têm acesso limitado à água.
- Cólica Tóxica:
- Causada pela ingestão de substâncias tóxicas ou irritantes que afetam o trato gastrointestinal.
- Pode resultar em sintomas graves, como diarreia profusa, desidratação, febre e sinais de choque.
- A identificação da substância tóxica ingerida é essencial para o tratamento adequado.
- Cólica Espasmódica:
- Caracterizada por espasmos musculares no trato gastrointestinal, causando dor e desconforto abdominal.
- Os cavalos podem exibir sinais de cólica intermitente, inquietação, sudorese excessiva e esticar-se frequentemente.
- O estresse, a má nutrição e a ingestão de alimentos inadequados podem desencadear esse tipo de cólica.
- Cólica Esofágica:
- Resulta da obstrução ou irritação do esôfago, geralmente devido à ingestão de alimentos inadequadamente mastigados ou corpos estranhos.
- Pode causar dificuldade ao engolir, regurgitação de alimentos, salivação excessiva e dor ao redor do pescoço.
- Cólica Verminótica:
- Causada por infestações parasitárias no trato gastrointestinal.
- Os sintomas podem incluir perda de peso, má condição corporal, diarreia intermitente, anemia e cólicas recorrentes.
Ao reconhecer os sinais clínicos específicos associados a cada tipo de cólica, os veterinários podem realizar uma avaliação mais precisa e implementar um plano de tratamento eficaz para melhorar o prognóstico e o bem-estar do cavalo afetado.
Exames e diagnóstico
Devido à gravidade potencial da cólica equina, que pode resultar em fatalidades, a realização de um diagnóstico preciso requer uma abordagem rápida e minuciosa por parte do médico veterinário. É imprescindível que o profissional esteja familiarizado com os sinais clínicos, histórico médico do cavalo e quaisquer alterações recentes no manejo alimentar, a fim de garantir uma intervenção oportuna e eficaz.
Testes físicos e laboratoriais
Quando um cavalo apresenta cólica, uma variedade de testes físicos e laboratoriais podem ser realizados para ajudar no diagnóstico e no planejamento do tratamento. Aqui estão alguns dos testes mais comuns:
- Exame físico completo:
- Avaliação da temperatura retal, frequência cardíaca e respiratória.
- Palpação abdominal para detectar áreas de sensibilidade, distensão ou anormalidades.
- Testes de refluxo gástrico:
- Coleta e análise do fluido gástrico através de uma sonda nasogástrica para determinar se há acúmulo anormal de líquido no estômago, indicativo de obstrução ou disfunção gastrointestinal.
- Ultrassonografia abdominal:
- Utilização de ultrassom para examinar os órgãos abdominais em busca de sinais de inflamação, obstrução ou outras anormalidades.
- Análise de sangue:
- Hemograma completo para avaliar a presença de infecção, inflamação, desidratação ou anemia.
- Bioquímica sérica para verificar os níveis de eletrólitos, enzimas hepáticas, glicose e outros parâmetros que podem indicar disfunção orgânica.
- Análise de fluido abdominal:
- Coleta e análise do fluido peritoneal para determinar a presença de sangue, pus, bactérias ou outras anormalidades que possam indicar inflamação ou infecção.
- Testes de fezes:
- Exame microscópico das fezes para identificar a presença de parasitas, sangue oculto ou outras anormalidades que possam estar contribuindo para a cólica.
- Radiografia abdominal:
- Utilização de radiografias para identificar obstruções intestinais, corpos estranhos ou outras anormalidades estruturais no trato gastrointestinal.
- Testes de função hepática e renal:
- Avaliação dos níveis de enzimas hepáticas e da função renal para identificar disfunções orgânicas que possam estar associadas à cólica.
- Ultrassonografia transabdominal:
- Esta técnica envolve a aplicação de um transdutor de ultrassom sobre a parede abdominal do cavalo para visualizar os órgãos internos, como o estômago, intestinos, fígado e baço. A ultrassonografia transabdominal pode ajudar a identificar anomalias estruturais, como obstruções intestinais, distúrbios de motilidade gastrointestinal e inflamação. Além disso, permite uma avaliação em tempo real da circulação sanguínea nos órgãos abdominais, auxiliando na detecção de complicações como torsões intestinais. Portanto, é uma adição importante aos testes físicos e laboratoriais realizados durante a investigação de cólicas em cavalos.
Esses testes físicos e laboratoriais são parte integrante da avaliação clínica de um cavalo com cólica e ajudam os veterinários a determinar a causa subjacente da condição e a desenvolver um plano de tratamento adequado.
Avaliação clínica e diferenciação de outras condições
A avaliação clínica e a diferenciação de outras condições da cólica em cavalos exigem uma abordagem minuciosa e meticulosa por parte do veterinário. É essencial distinguir entre os diversos tipos de cólica e outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes. Aqui estão alguns aspectos importantes a considerar durante esse processo:
- Histórico clínico detalhado:
- É crucial obter informações precisas sobre a história médica do cavalo, incluindo histórico de saúde, dieta, manejo, medicamentos recentes e episódios anteriores de cólica.
- Exame físico completo:
- Avaliação cuidadosa dos sinais vitais, como temperatura retal, frequência cardíaca e respiratória, além de palpação abdominal para detectar áreas de sensibilidade, distensão ou anormalidades.
- Exames complementares:
- Realização de testes laboratoriais, como análise de sangue, urina e fezes, para avaliar a presença de infecção, inflamação, desidratação ou anormalidades metabólicas.
- Ultrassonografia abdominal para visualizar os órgãos internos e identificar obstruções, distúrbios de motilidade intestinal e outras anomalias estruturais.
- Diferenciação entre tipos de cólica:
- Identificação dos sinais clínicos específicos associados a cada tipo de cólica, como cólica gasosa, cólica impacção, cólica espasmódica, entre outros, com base em sintomas, história clínica e resultados de exames complementares.
- Exclusão de outras condições:
- Consideração de outras condições que podem mimetizar os sintomas de cólica, como laminites, úlceras gástricas, doenças respiratórias ou urinárias, entre outras. Isso pode exigir exames adicionais específicos para descartar essas possibilidades.
- Consulta especializada, se necessário:
- Em casos complexos ou que não respondem ao tratamento inicial, pode ser necessário encaminhar o cavalo a um especialista em medicina equina para uma avaliação mais aprofundada e diagnóstico diferencial.
A avaliação clínica e a diferenciação de outras condições da cólica em cavalos exigem habilidades clínicas avançadas e uma compreensão abrangente da fisiologia equina.
Tratamento de cólicas equinas
Em geral, o tratamento para cólica em cavalos varia conforme o tipo e a gravidade do problema, mas na maioria das vezes pode ser realizado de forma clínica, utilizando medicamentos. Em situações mais graves, a cirurgia pode ser necessária.
Por isso, é fundamental que o veterinário realize uma avaliação cuidadosa do caso. No entanto, a prevenção da cólica em cavalos é sempre a melhor abordagem. Isso pode ser alcançado através de uma dieta equilibrada e adequada, bem como garantindo cuidados regulares com a saúde bucal do animal.
Estratégias de manejo inicial
As estratégias de manejo inicial para o tratamento de cólicas equinas são essenciais para estabilizar o animal e aliviar o desconforto enquanto aguarda uma avaliação mais detalhada pelo veterinário. Aqui estão algumas estratégias comuns:
- Isolamento e observação: Isolar o cavalo em uma área segura e tranquila para evitar estresse adicional e permitir uma observação mais atenta dos sinais clínicos.
- Remoção de alimentos: Suspender a alimentação e oferecer apenas água fresca, a menos que instruído de outra forma pelo veterinário.
- Exercício leve: Caminhar o cavalo por curtos períodos pode ajudar a estimular o movimento intestinal e aliviar o desconforto. No entanto, isso deve ser feito com cuidado, especialmente se houver suspeita de torsão intestinal.
- Administração de analgésicos: Medicamentos analgésicos, como a dipirona ou a flunixina meglumina, podem ser administrados para aliviar a dor e o desconforto do animal, conforme orientação veterinária.
- Monitoramento dos sinais vitais: Observar regularmente a temperatura retal, a frequência cardíaca e respiratória, bem como outros sinais clínicos, e relatar quaisquer mudanças ao veterinário.
- Contato com o veterinário: Entrar em contato imediato com um veterinário experiente em casos de cólica equina para orientações específicas e avaliação adicional.
Essas estratégias de manejo inicial visam proporcionar alívio imediato ao cavalo afetado e estabilizar sua condição até que uma avaliação mais abrangente possa ser realizada pelo veterinário.
Opções cirúrgicas
Para o tratamento de cólicas equinas, existem opções cirúrgicas disponíveis, dependendo da gravidade e da causa subjacente da cólica. Aqui estão algumas das opções mais comuns:
- Cirurgia exploratória: Em casos de cólica grave ou refratária ao tratamento médico, uma cirurgia exploratória pode ser necessária para identificar e corrigir a causa subjacente da cólica, como obstruções intestinais, torsões ou aderências.
- Enterotomia ou enterectomia: Procedimentos cirúrgicos para remover corpos estranhos, obstruções ou segmentos intestinais comprometidos.
- Descompressão abdominal: Em casos de distensão gasosa grave, pode ser necessária uma descompressão abdominal cirúrgica para aliviar a pressão no trato gastrointestinal.
- Fixação de cólon maior: Em casos de cólica recorrente devido à mobilidade excessiva do cólon maior, a fixação cirúrgica do órgão pode ser realizada para prevenir futuros episódios de cólica.
- Ressecção de intestino comprometido: Em situações de necrose intestinal ou danos significativos ao tecido, pode ser necessária a ressecção cirúrgica do segmento afetado.
É crucial que essas decisões sejam tomadas em consulta com um veterinário experiente em medicina equina, que poderá recomendar o melhor curso de ação para o bem-estar do cavalo.
Prevenção de cólicas equinas
É fundamental garantir a saúde dos equinos e prevenir cólicas por meio da manutenção adequada da qualidade e quantidade de água e alimento. Além disso, é essencial realizar avaliações periódicas da dentição e seguir um cronograma regular de controle de parasitas e outras doenças.
Práticas de manejo e alimentação adequadas
Cuidados com Alimentação e Hidratação: Manter uma alimentação adequada e garantir acesso regular a água limpa são pilares fundamentais para prevenir cólicas em cavalos. Isso significa oferecer uma dieta equilibrada, com a quantidade certa de forragem e concentrado, de acordo com as necessidades individuais e a fase da vida do animal. Além disso, é importante fornecer água limpa e fresca em todos os momentos, pois a desidratação pode aumentar o risco de cólicas.
Cuidados Odontológicos e Vacinação: Realizar exames odontológicos periódicos é essencial para garantir a saúde bucal dos cavalos, especialmente se estiverem estabulados. Isso ajuda a prevenir problemas dentários que podem interferir na mastigação e na digestão adequada dos alimentos, reduzindo o risco de cólicas. Além disso, manter as vacinas em dia é crucial para prevenir doenças infecciosas que podem desencadear cólicas secundárias.
Manejo Adequado e Higiene das Instalações: Separar os cavalos por categoria, levando em consideração sexo, idade e condição física, facilita o manejo e permite atender às necessidades nutricionais específicas de cada grupo. Além disso, manter as instalações limpas e higienizadas reduz o risco de ingestão de corpos estranhos que podem causar obstruções intestinais. Cochos e bebedouros devem ser limpos regularmente para evitar a contaminação dos alimentos e garantir a oferta de água limpa e fresca.
Vermifugação Adequada e Prevenção de Parasitas: Programar as vermifugações de forma adequada, seguindo as orientações do veterinário e evitando tratamentos desnecessários em animais com baixa carga parasitária, é essencial para prevenir cólicas causadas por obstruções intestinais. Além disso, monitorar a presença de parasitas nas fezes e realizar testes regulares pode ajudar a identificar e tratar infestações antes que causem problemas mais graves.
Evitar Estresses e Mudanças Bruscas: Evitar estresses desnecessários, como mudanças bruscas na dieta, ambiente ou rotina de exercícios, é fundamental para manter o equilíbrio da microbiota intestinal e prevenir cólicas. Quando as mudanças são necessárias, é importante fazê-las gradualmente, para permitir que os cavalos se adaptem sem causar transtornos digestivos. Além disso, evitar o uso excessivo de medicamentos pode prevenir efeitos colaterais indesejados que possam contribuir para o desenvolvimento de cólicas.
Atenção à Saúde Geral e Sinais de Alerta: Monitorar regularmente a saúde geral dos cavalos e estar atento a sinais de alerta de cólica, como alterações no comportamento, apetite ou frequência de defecação, é essencial para detectar precocemente problemas potenciais e intervir rapidamente. Nunca administrar medicamentos por conta própria em caso de cólica, pois isso pode mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico adequado por parte do veterinário. Em caso de suspeita de cólica ou qualquer outra condição de saúde, sempre consultar um profissional qualificado para orientações e tratamento adequado.
Cuidados pós-tratamento
A necessidade nutricional do equino pós-cirúrgico por síndrome cólica varia conforme idade, peso, condição corporal e gravidade da enfermidade. Estudos destacam a necessidade de pesquisas abrangentes sobre nutrição pós-operatória devido à variação de práticas entre clínicas e hospitais equinos no Brasil.
Com o aumento da pesquisa científica sobre laparotomia em equinos, surge a preocupação com a nutrição pós-cirúrgica adequada. Esta abordagem, quando aplicada corretamente, contribui para a integridade da mucosa intestinal, melhorando a absorção de nutrientes e reduzindo complicações, como tempo de cicatrização, perda muscular e formação de aderências.
O suporte nutricional pós-cirúrgico para equinos laparotomizados pode ser fornecido por via intravenosa (nutrição parenteral), nasogástrica (nutrição enteral) ou oral (nutrição voluntária). No estágio observacional, o C.I.T.Equin adotou inicialmente a nutrição parenteral, fornecendo uma dieta preparatória durante 48 horas de jejum hídrico e sólido. Essa dieta, composta por vitaminas, aminoácidos, eletrólitos e soro fisiológico com ringer lactato, visa suprir necessidades calóricas, proteicas e eletrolíticas após a cirurgia, ajudando a superar as dificuldades alimentares comuns após o procedimento.
Na segunda fase observada, a nutrição oral é introduzida gradualmente, enquanto a nutrição parenteral é reduzida progressivamente. Antes de iniciar essa fase, verifica-se se o animal não apresenta mais refluxo, indicando que está pronto para receber alimentos por via oral. O processo começa oferecendo água e alimentos sólidos, como probióticos, gramíneas e concentrado.
No hospital, após o intervalo de 48 horas, as gramíneas são oferecidas ao equino na forma de pastejo, por até um minuto. Durante esse período, observa-se o comportamento do cavalo em relação à deglutição, aceitação do alimento e apetite. Esse procedimento é realizado seis vezes ao dia, com intervalos de quatro horas entre cada alimentação.
No segundo dia, o pastejo é estendido para dois minutos, aumentando gradualmente até o quarto dia. Durante esse período, o animal recebe 2 kg/dia de alfafa peletizada com 16% de proteína bruta, iniciando com 300g/dia e aumentando gradualmente até o décimo ou décimo quinto dia. Após esse processo e na ausência de complicações, o animal passa a receber o concentrado em pequenas porções, que são gradualmente aumentadas de acordo com suas necessidades nutricionais.
Mudanças no manejo nutricional
O bem-estar do animal durante o período pós-operatório tem sido uma preocupação central para zootecnistas e médicos veterinários. A nutrição parenteral (NP) é recomendada quando o paciente não pode receber todos os nutrientes necessários por via enteral. As principais indicações para o uso de NP incluem equinos com refluxo nasogástrico, íleo, distensão abdominal, obstrução gastrintestinal grave, má absorção e risco de aspiração do conteúdo gastrintestinal.
No entanto, simplesmente fornecer alimentos não assegura uma nutrição adequada para os animais. A maneira e o momento em que o equino é alimentado são tão cruciais quanto o conteúdo de sua dieta.
Portanto, é válido mencionar algumas diretrizes gerais para a nutrição de equinos alojados, visando prevenir distúrbios:
- Oferecer concentrado pelo menos duas vezes ao dia;
- Manter consistência na quantidade e tipo de alimento fornecido. Qualquer mudança deve ser introduzida gradualmente ao longo de uma ou duas semanas;
- Disponibilizar sal mineralizado à vontade;
- Garantir acesso a água limpa e fresca em bebedouros limpos;
- Realizar vermifugação a cada 90 dias;
- Estabelecer um cronograma para exames dentários periódicos;
- Monitorar regularmente a condição corporal (peso);
- Promover exercícios regulares;
- Observar periodicamente os sinais fisiológicos gerais, como temperatura, pulso, respiração, entre outros (Pimentel et al., 2013).
Sinais de alerta e quando chamar um veterinário
Orientações para proprietários de cavalos
Os principais sinais da cólica equina incluem:
- Virar a cabeça na direção do flanco;
- Bater das patas;
- Tentativa de urinar sem sucesso;
- Levantar-se e deitar-se repetidamente;
- Rolamento violento;
- Sentar-se como um cachorro ou deitar-se de costas;
- Falta de apetite (anorexia);
- Inclinar a cabeça para beber água sem conseguir;
- Redução ou ausência de movimentos intestinais, indicada pela diminuição do número de montes de estrume;
- Ausência ou diminuição de sons digestivos;
- Respiração rápida e/ou narinas dilatadas;
- Frequência cardíaca elevada (acima de 52 batimentos por minuto);
- Sudorese excessiva;
- Comportamento depressivo;
- Enrolamento dos lábios (reação Flehmen);
- Extremidades frias.
Se algum desses sinais for identificado, o criador deve contatar imediatamente um médico veterinário para avaliação do animal. A presença de refluxo é um sinal de gravidade e requer encaminhamento urgente ao hospital, assim como quaisquer alterações detectadas durante o exame de palpação transretal, como deslocamentos, torções ou distensões intestinais.
Conclusão
No decorrer deste artigo, exploramos detalhadamente o tema das cólicas em cavalos, abordando desde a identificação e tratamento até os cuidados pós-operatórios. Discutimos os sinais físicos e comportamentais que indicam a presença de cólica equina, bem como as diferentes formas de tratamento, tanto medicamentosas quanto cirúrgicas. Além disso, destacamos a importância da detecção precoce, da avaliação clínica e dos cuidados pós-tratamento para garantir o bem-estar e a recuperação dos animais.
Ao longo do texto, foram apresentadas informações relevantes sobre o manejo nutricional, os cuidados pós-tratamento e os sinais de alerta que requerem atenção imediata. Cada tópico foi abordado com o objetivo de fornecer aos veterinários e criadores de cavalos um guia abrangente e informativo para lidar com essa condição tão desafiadora.
Esperamos que as informações compartilhadas aqui possam auxiliar na compreensão e na gestão das cólicas em cavalos, contribuindo para o bem-estar e a saúde desses magníficos animais. Caso você não seja da área, não se esqueça de sempre buscar orientação profissional caso se depare com qualquer sinal de cólica em seus equinos.
Referências:
- https://www.ourofinosaudeanimal.com/perguntas-frequentes/equinos/qual-principal-causa-de-colica-em-cavalos/#:~:text=A cólica equina é uma,na rotina da clínica equina.
- https://www.shopveterinario.com.br/blog/colica-equina/
- https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/51308/2/Cólica em equinos.pdf
- https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/3803/1/EJDMA20032018.pdf
- https://www.escoladocavalo.com.br/colica-equina-saiba-os-sinais-e-cuidados-dessa-enfermidade/